COOPERAÇÃO MOÇAMBIQUE / RUANDA: Apoio garantido contra focos de desestabilização
Moçambique não vai permitir que o seu território seja usado como plataforma para actividades de desestabilização contra o Ruanda, alegadamente protagonizadas por cidadãos residentes no país como refugiados ou requerentes de asilo.
Este posicionamento foi transmitido ontem pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, ao seu homologo ruandês, Paul Kagame, nas conversações bilaterais realizadas em Maputo no âmbito da visita de dois dias que o estadista daquele país dos Grandes Lagos efectua ao país.
Ponto assente é que os dois países vão intensificar a avaliação dos casos que poderão merecer a extradição.
Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, que falou à imprensa no final das conversações e após a assinatura do acordo de consultas politicas, Moçambique acolhe actualmente cerca de três mil cidadãos ruandeses, uns com estatuto de refugiados e outros requerentes de asilo.
Deste contingente, segundo Balói, existe um pequeno número que as autoridades de Kigali exigem a extradição alegadamente por terem participado do genocídio de 1994, que dizimou 800 mil pessoas. De acordo com o chefe da diplomacia moçambicana, a comunidade ruandesa é activa dedicando-se a negócios e à educação.
“ Mas parte desta comunidade terá assuntos pendentes no país de origem. O governo do Ruanda pediu a Moçambique a extradição dessas pessoas. Isso requer um exame muito cuidadoso e os dois países estão a fazer, em conjunto, a tentar ver os requisitos que permitam, ou que venham permitir, se for o caso, a extradição. Neste momento, está-se a trabalhar tranquila e incessantemente para perceber qual é o problema”, explicou.
Durante as conversações, os dois pais fizeram uma revisão dos sectores passiveis de cooperação, nomeadamente politica e diplomacia, justiça, agricultura, administração estatal, Recursos Minerais, cultura e Turismo.
Moçambique e Ruanda têm as suas relações a andar em ritmo lento ao abrigo de um Acordo Geral de Cooperação assinado em 1990, que no entanto não vingou por causa dos problemas que os dois países enfrentaram a nível politico.
Para mudar este estado de coisas, Maputo e Kigali, assinaram ontem um Acordo para Consultas Politicas, rubricado pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação dos países, nomeadamente Oldemiro Balói e Louise Mushikiwabo.
Ainda ontem, Paul Kagame, manteve um encontro com a Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo. Hoje devera proceder a deposição de uma coroa de flores no monumento aos heróis nacionais, visitar o Porto de Maputo e proferir uma palestra a comunidade empresarial e académica do país, antes de partir de regresso ao seu país.