Moçambique procura soluções contra a fome
MOÇAMBIQUE precisa traçar estratégias concretas para se libertar da fome e da dependência da importação de alimentos. O repto foi lançado ontem pelo Presidente da República, momentos após desembarcar na cidade de Chimoio, em Manica, para participar, hoje, no primeiro fórum internacional dos empresários dos sectores agrário e pesqueiro, a decorrer naquela região do país.
Ainda ontem, e integrado no programa do fórum, o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas e a empresa chinesa Hongdong Pesca Oceânica Co., Lda. formalizaram um acordo visando a construção e operacionalização de um complexo industrial de processamento de produtos pesqueiros e agrícolas, um projecto avaliado em 200 milhões de dólares, que além de criar emprego vai catalisar a produção agrícola e pesqueira.
O “Notícias” apurou que o complexo será instalado numa das províncias costeiras do país ainda por indicar, não havendo, no entanto, datas definidas para a consumação do projecto.
Sobre o fórum Filipe Nyusi disse que o país não pode continuar a importar comida, sendo a realização do encontro uma das acções que o seu Governo decidiu levar a cabo para que esta fragilidade seja ultrapassada de forma intensiva ainda no decurso do presente mandato.
“Portanto, é melhor envolver os sectores privado, familiar e associativo, precisamente porque são esses que podem produzir e unir sinergias com o Governo nesta batalha”, disse o Presidente.
Para Nyusi, o fórum é uma plataforma necessária de abordagem da produção nacional, no lugar de assuntos desta natureza serem tratados com a deslocação de missões nacionais ao estrangeiro. “Aqui dentro do país podemos organizar casos concretos, missões concretas, actividades concretas, para que o nosso país um dia saia do défice de produção alimentar que atravessa”, explicou o Chefe do Estado, acrescentando que a sua expectativa é que os resultados do evento sejam bons, porque “os moçambicanos estão a trabalhar para isso”.
Enquanto isso, o posto administrativo de Cafumpe, no distrito de Gondola, em Manica, junta desde ontem empresários e investidores nacionais e estrangeiros dos sectores agrário e pesqueiro, que se juntaram a membros dos governos Central e provinciais, homens de negócios, académicos, representantes das instituições públicas e privadas, da sociedade civil e parceiros de cooperação para discutir estratégias de produção alimentar no país.
Do estrangeiro participam no fórum representantes da China, Índia, Singapura, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos e Portugal.
A anteceder o evento de hoje tiveram lugar ontem visitas a algumas unidades produtivas da província de Manica, com destaque para a Companhia de Vanduzi, a Moz-Bife, Westiffalia Moçambique, a Clinton Meadons, a Macs-in-Moz e as associações 16 de Junho e Mudziwagara.
No evento, os governadores das 11 províncias do país farão apresentações sobre as suas experiências de produção e expor as potencialidades e oportunidades de negócio que os seus territórios possuem nas áreas agrícola e pesqueira.
VICTOR MACHIRICA