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Consolidar a Unidade Nacional é tarefa de todos – Manuel Tomé

A promoção da paz e consolidação da unidade nacional como valores patrióticos é da responsabilidade de todos os moçambicanos e não somente do Governo.

Esta é a súmula do debate do tema sobre “O papel da comunicação social na consolidação da paz e unidade nacional” havido quarta-feira (30) em Maputo, promovido pela Sociedade do Notícias, SA, no quadro das comemorações dos 90 anos da fundação do jornal “Notícias”, que se assinalam no dia 15 de Abril.

Na introdução do tema, Manuel Tomé, que a nível político já foi chefe da bancada parlamentar do partido Frelimo na Assembleia da República, felicitou o “Notícias” pelos 90 anos da sua fundação, a 15 de Abril de 1926, e considerou a palestra e o subsequente debate um momento de produção de ideias para a dinamização do processo de consolidação da unidade nacional.

Afirmou que os futuros jornalistas, em particular, e os profissionais da comunicação social, no geral, devem estar munidos, na realização do seu trabalho, de quatro instrumentos fundamentais, nomeadamente a Constituição da República, a Lei de Imprensa, a Lei do Direito à Informação e o Código de Ética e Deontologia Profissional do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e que a informação em seu poder deve ser processada com rigor, profissionalismo e intenção, ouvidas todas as partes envolvidas antes da sua publicação.

Referiu que a Lei de Imprensa define como uma das missões da comunicação social a participação no processo de consolidação da unidade nacional e elevação do nível de consciência social dos cidadãos (cidadania), sublinhando que se trata do esteio da nação, cuja edificação ainda não terminou.

A unidade nacional, referiu, foi a primeira grande conquista dos moçambicanos, alcançada antes da proclamação da independência nacional, a 25 de Junho de 1975, com mérito na fundação do movimento de libertação nacional, a Frente de Libertação de Moçambique, cujos objectivos políticos eram comuns mas agregando diferentes filosofias no seu seio.

Segundo Manuel Tomé, que confessou ter conhecimento resultante não da sua participação directa na luta de libertação nacional, mas adquirido com intensidade a partir dos anos 74-75, foi preciso um grande trabalho dentro do movimento para que as pessoas que o integravam pudessem se manter unidas.

Indicou que a grande virtude de todo este processo foi que essas pessoas, oriundas de diferentes partes do país, assimilaram e uniram-se em torno dos objectivos do movimento em várias frentes, incluindo a componente da produção.

A crítica e auto-crítica foram importantes, não só para o crescimento da organização (Frente de Libertação de Moçambique) mas também para o combate a factores negativos como o tribalismo, regionalismo e o racismo. Manuel Tomé disse que a crítica na Frente de Libertação de Moçambique era feita de forma aberta e por vezes duma maneira muito dura.

“O que eu sinto (neste momento) é que as acções visando fortalecer a unidade nacional, combate ao regionalismo e tribalismo foram reduzindo à medida que o país foi-se tornando complexo”, afirmou.

Tomé citou alguns documentos importantes produzidos no pós-independência, que exaltavam a importância da unidade nacional. É disso exemplo a brochura “Consolidemos aquilo que nos une”, na qual o falecido Presidente Samora Machel fazia uma abordagem sobre a unidade nacional, afirmando que não existia uma nação de hindus, de muçulmanos, de mulatos, mas sim de moçambicanos.

Disse que na discussão das teses ao V Congresso do partido Frelimo, em 1988, a questão da unidade nacional foi mais uma vez sublinhada e vincado o papel da comunicação social na denúncia de actos negativos. Na sua opinião, hoje os profissionais da comunicação social devem realizar um trabalho de qualidade, pesquisando e investigando os assuntos a serem publicados, de modo a contribuírem para o desenvolvimento do país.

Os jornalistas, sublinhou, devem denunciar actos que atentam à pátria, à unidade nacional e concorrem para a violação da lei. Devem publicar o que pensam, dentro dos limites estabelecidos pela lei, criticando sem medo.

Respondendo a uma questão levantada na circunstância por um estudante sobre a institucionalização da censura, Manuel Tomé disse não ter conhecido, de 1975 a esta parte, nenhum gabinete de censura prévia. Sobre a necessidade de se primar por um jornalismo investigativo, e num reparo a um comentário feito na ocasião também por um estudante, disse que as consequências de tal prática ou procedimento podem ser benéficas se esse jornalismo for feito com o necessário rigor e profissionalismo.

“Devemos evitar um jornalismo que viola a Constituição. Não devemos dar cobertura a coisas erradas, que não dignificam o jornalismo. Temos de nos habituar ao rigor”, defendeu.

Entretanto, Manuel Tomé afirmou que um jornalista não deve ser impedido de ter uma ideologia.

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