Nyusi na tomada de posse do presidente de Portugal cuja “segunda pátria” é Moçambique
Tendo passado parte da juventude em Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa sempre proclamou o seu afeto pelo país africano, sua “segunda pátria”, como chegou a dizer. Na hora de fazer equipa para a Presidência portuguesa, escolheu para assessor diplomático o embaixador de Portugal em Maputo. E, de três convites pessoais para a sua tomada de posse, um foi para o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi.
Segundo fonte diplomática, para a tomada de posse de Rebelo de Sousa, na quarta-feira, foram apenas três os “convidados pessoais” do PR eleito: o Rei de Espanha, o Presidente de Moçambique e o Presidente da Comissão Europeia. Na sua segunda visita a Portugal em menos de um ano, Filipe Nyusi virá acompanhado do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi.
O novo PR quis inovar em vários aspetos da cerimónia de tomada de posse, mas em relação aos convites recuperou a tradição antiga, de haver poucos chefes de Estado, mas prestigiando mais cada um dos presentes – neste caso, apenas três.
Moçambique foi um dos palcos da adolescência e juventude do presidente eleito. O seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, foi um dos últimos governadores gerais de Moçambique. E levou a família consigo para Maputo. O ex-governador voltou a Moçambique durante a presidência de Joaquim Chissano, a convite deste, tendo ambos sido recebidos entusiasticamente em público.
Em visita a Maputo em novembro, Marcelo Rebelo de Sousa qualificou Moçambique de “segunda pátria”. Em quaisquer funções que ocupe, disse, este país tem “tratamento privilegiado, um carinho especial e um entendimento natural que passa por muita gente moçambicana, muita dela responsável, e pelo estreitamento de relações entre países, instituições, economias, culturas e universidades”.
“Aí tenho muitos antigos alunos e antigos colegas e portanto são memórias de muitos tempos, muito ricas e muito partilhadas e que fazem com que cada pessoa, cada local, cada pedra, cada acontecimento representem muito para mim, não apenas do ponto de vista do meu passado, mas das minhas emoções e formação como ser humano”, descreveu.
Deixou mesmo a porta entreaberta para ser parte de uma solução no entendimento político no país, numa altura de tensão político-militar.
“Também é importante numa situação como aquela que se vive haver amigos de Moçambique – e eu conto-me entre os amigos de Moçambique – que podem, com o seu conhecimento da terra e da gente, contribuir para um clima fundamental para que haja democracia, desenvolvimento e paz”, declarou.
Outra presença na cerimónia destes tempos de juventude, segundo apurou o Africa Monitor, é a do advogado moçambicano Máximo Dias. Além de colega de Rebelo de Sousa na Faculdade de Direito, o advogado é também, curiosamente, sogro do presidente de Cabo Verde, Jorge Fonseca.
Também conhecimento dos corredores da faculdade é o do representante de Angola, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa. De parte ficou a possibilidade da vinda de João Lourenço, ministro da Defesa – e um dos possíveis “rostos” na “sucessão” de José Eduardo dos Santos.
Fonte: África Monitor