03 de fevereiro
Moçambique rendeu homenagem aos seus heróis
Quinta, 04 Fevereiro 2016
O PAÍS rendeu ontem uma merecida homenagem aos seus heróis, cuja cerimónia central decorreu em Maputo, onde o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, depôs uma coroa de flores na Praça dedicada a estas proeminentes figuras nacionais
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No resto das províncias cerimónias idênticas foram igualmente replicadas nas respectivas praças, incluindo actividades político-culturais e desportivas, que marcaram de forma indelével as celebrações do dia 3 de Fevereiro, que este ano assinala também o 47º aniversário do assassinato de Eduardo Mondlane, primeiro Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
De acordo com as notícias que nos chegaram das diversas províncias do país, os dirigentes que falaram nas iniciativas locais defenderam a unidade nacional, coesão e o patriotismo, como pressupostos básicos para a valorização dos heróis moçambicanos. Apelaram também a sociedade civil a respeitar os ideais dos heróis nacionais para garantir uma paz efectiva no país.
Insistiram que Moçambique deve estar em paz e não ser refém de um grupo de pessoas.
Símbolo do heroísmo
O GOVERNADOR da província de Nampula, Victor Borges, disse que o 3 de Fevereiro, Dia dos Heróis Nacionais, simboliza efectivamente o heroísmo, principalmente, dos que morreram pela causa da libertação do nosso país da dominação estrangeira.
“Daí a importância singular de que se reveste esta data”, destacou.
O governante fez este pronunciamento ontem depois de depor uma coroa de flores na Praça dos Heróis, na capital provincial, no quadro das celebrações do 3 de Fevereiro.
Victor Borges reforçou que o Governo sempre vai trabalhar para fazer com que a data seja sempre valorizada, pois esta é a forma correcta de exaltar os feitos dos que pegaram em armas para lutar contra a dominação estrangeira em Moçambique.
“Qualquer povo e qualquer país têm uma história que o identifica. Em Moçambique, o 3 de Fevereiro simboliza a heroicidade dos que, querendo libertar o país do domínio colonial, morreram sem, infelizmente, alcançarem esse objectivo. Nós não nos cansaremos de celebrar, anualmente, esta data que representa igualmente mais um marco na história do país, em que nos revoltámos contra a dominação colonial”, enfatizou Victor Borges.
O chefe do executivo de Nampula referiu o facto de existirem também no nosso país heróis vivos que participaram na luta de libertação nacional e outros que, dia após dia, ano após ano, procuram sempre manter Moçambique na rota do progresso e do bem-estar do povo, através também dos seus feitos.
Victor Borges acrescentou que “é certo que o dia 3 de Fevereiro é a data da morte de Eduardo Mondlane, arquitecto da unidade nacional, mas celebramo-la homenageando todos os heróis que tudo fizeram para que hoje Moçambique seja um país independente e unido”.
Valorizar o sangue derramado
A GOVERNADORA de Gaza, Stella da Graça Zeca, disse ontem, em Xai-Xai, por ocasião das celebrações do 3 de Fevereiro, que uma das formas de dignificar a data consagrada aos heróis nacionais é cada um de nós valorizar o esforço que custou a vida e a juventude de muitos compatriotas, desde o período de resistência, da luta de libertação nacional, dirigida pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), até aos tempos mais recentes da defesa intransigente da nossa soberania nacional.
Para o efeito, segundo ela, devemos participar activamente no exercício da cidadania, promovendo o desenvolvimento e a manutenção da paz e da unidade nacional.
“Somos todos chamados a inspirarmo-nos nos feitos do Dr. Mondlane, que desde cedo descobriu que a unidade nacional é a principal arma para vencer as adversidades”, disse Stella da Graça Zeca.
Num outro desenvolvimento, a governadora de Gaza referiu-se ao facto de o presente 3 de Fevereiro ser celebrado num ano em que completamos trinta anos sem a presença física do primeiro presidente da República de Moçambique independente, Marechal Samora Moisés Machel, assassinado no dia 19 de Outubro de 1986 pelo regime racista do “apartheid”, da África do Sul.
Na presente celebração, segundo a governante, é dada responsabilidade acrescida aos professores pela sua interacção com os alunos, na divulgação da dimensão de estadista visionário que foi o proclamador da independência nacional.
“O país, no geral, e a província, em particular, conhecerão um grande movimento com a realização de vários programas de reflexão sobre a vida e obra do herói Samora Machel, que incluirão várias actividades de índole cultural, desportivo e recreativo”, revelou a governadora da província de Gaza.
Apelou para que toda a população participe activa e massivamente em todas as actividades alusivas ao trigésimo ano do desaparecimento físico do Presidente Samora.
Em Gaza, as celebrações do 3 de Fevereiro incluíram marchas de repúdio à acção de homens armados da Renamo em Saúte, no distrito de Chigubo, na madrugada do último sábado.
Imortalizar Mondlane
O GOVERNADOR de Inhambane, Agostinho Trinta, considera que uma das formas para imortalizar a obra do arquitecto da unidade nacional e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Eduardo Mondlane, é valorizar e defender as conquistas da independência nacional, através do aprofundamento da democracia, da reconciliação nacional e da consolidação da paz e da unidade nacional.
“Não há preço que pague o sacrifício de Eduardo Chivambo Mondlane e de outros heróis moçambicanos que deram a sua vida pela independência nacional. Uma das formas da exaltação desta figura incontornável da história moçambicana é isolar aqueles que, instrumentalizados pelas forças residuais do imperialismo, procuram fragmentar o país por regiões, raça, etnia e até através de cores partidárias”, exortou Agostinho Trinta.
Para o efeito, o dirigente de Inhambane encorajou as Forças de Defesa e Segurança a continuarem a perseguir e a desarmar os bandidos armados que tentam distrair a população da sua tarefa central que é a produção de comida para acabar com a fome e a pobreza no país. “Estamos satisfeitos com a vossa bravura. Não podemos permitir que um grupo de pessoas, nossos irmãos, instrumentalizadas por políticos falidos, ameace e roube a população. Estejais firmes na defesa da soberania nacional, dos objectivos económicos, da população e de toda a riqueza da nossa província”, exortou.
Agostinho Trinta disse ainda que “os irmãos da Renamo, entrincheirados no mato, cumprindo ordens dos seus chefes, uns em lugares incertos e outros nas cidades, devem voluntariamente entregar as armas ao Governo para serem reintegrados na sociedade”.
“Mas, também, se existem outros que portam ilegalmente armas de fogo, devem também entregá-las às autoridades, pois estamos em campanha de recolha de todas as armas em mãos alheias. O combate à criminalidade na nossa província nunca logrará sucessos desejados enquanto houver armas fora do controlo das autoridades”, advertiu o governador de Inhambane.
União acima de tudo
A GOVERNADORA de Cabo Delgado, Celmira da Silva, afirmou, ontem, em Pemba, que as diferenças de ideias políticas e não só não podem estar acima da unidade nacional, o principal pressuposto pelo qual Eduardo Chivambo Mondlane e outros heróis da pátria moçambicana lutaram e morreram por ele no processo da libertação de Moçambique do jugo colonial português.
Celmira da Silva fez este pronunciamento num comício popular na cidade de Pemba, alusivo ao dia dos heróis moçambicanos.
Segundo a governante, só unidos é que o povo irá ultrapassar as várias dificuldades que hoje enfrenta, sublinhado que a pobreza é o principal inimigo comum da actualidade.
A governadora apelou às forças residuais da Renamo para se entregarem e juntarem-se aos esforços da luta contra a pobreza.
“A Renamo deve responder ao apelo e o clamor do povo que quer a paz efectiva, porque só com a paz é que poderemos trabalhar livremente para acabarmos com a pobreza”, exortou a chefe do executivo de Cabo Delgado.
Num outro desenvolvimento, a governadora pronunciou-se sobre a presente época chuvosa, considerando que desta vez há dois fenómenos diametralmente opostos que caracterizam o nosso país: a seca no sul e as chuvas acima do normal no norte de Moçambique, que estão a criar estragos em residências, destruição de áreas agrícolas e não só.
“Há também casos de descargas atmosféricas que já provocaram a morte de pessoas. Por isso, apelo para que cada um de nós doe o que pude para ajudar a minorar o sofrimento das pessoas que foram afectadas por estas calamidades. Todos sabemos que estamos ainda em Fevereiro e o pico das chuvas é o mês de Março. Portanto, ainda poderá cair muita chuva” – alertou Celmira da Silva.
O primeiro-secretário do Comité provincial da Frelimo em Cabo Delgado, Elias Kalime, disse na ocasião que a Renamo não pode mais uma vez empurrar o povo para um novo ciclo de violência, recordando esta força política para aprender das lições anteriores quando empurrou o país para uma guerra inútil e sem resultados.
Para além da habitual deposição de coroa de flores na Praça dos Heróis, uma marcha de repúdio aos discursos da Renamo, envolvendo antigos combatentes, funcionários públicos, membros das Forças de Defesa e Segurança, percorreu as principais artérias de Pemba.
Preservar a paz e unidade
O SECRETÁRIO Permanente da província de Sofala, Ricardo Nhacuongue, disse ontem na Beira que a preservação da paz passa necessariamente pela deposição das armas por parte da Renamo e pelo diálogo sem pré-condições entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Falando na Praça dos Heróis, no âmbito do 3 de Fevereiro e em nome da Governadora Helena Taipo, Nhacuongue chamou particular atenção à comunidade no sentido de agudizar a vigilância popular e denunciar os portadores ilegais de armas de fogo no país.
Já num comício no bairro de Chingussura, pouco depois da deposição de uma coroa de flores na Praça dos Heróis, o responsável sugeriu ao líder da Renamo para dialogar com o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, sem imposição de pré-condições.
Numa altura em que a província de Sofala está a ser afectada pela escassez de chuvas devido as mudanças climáticas, o governante recomendou que as atenções de toda a sociedade estejam viradas para a mitigação do fenómeno da seca que pode comprometer a safra agrícola