Discurso da participacão do Presidente da República na celebracão dos 40 anos da Rádio Mocambique
Comunicação Social: Vector de Desenvolvimento
Discurso de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente de Moçambique por ocasião dos 40 anos da Rádio Moçambique – E. P
Maputo, 12 de Outubro de 2015
Senhor Primeiro-Ministro;
Senhores Membros do conselho de Ministros;
Senhora Governadora da Cidade de Maputo;
Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo;
Senhora Directora do GABINFO;
Senhor Presidente do Conselho de Administração da Rádio Moçambique;
Senhores Membros do Conselho de Administração e
da Direcção Executiva da Rádio Moçambique;
Estimados trabalhadores e colaboradores da Rádio Moçambique;
Distintos Profissionais da Comunicação;
Caros Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores!
Em primeiro lugar, queria expressar, em nome do povo moçambicano e em nome próprio, o nosso sentimento pelo funesto acontecimento que se apossou da família da Rádio Moçambique, com o desaparecimento físico dum dos seus emblemas, Emílio Manhique, jornalista, apresentador e editor do nosso despertador nacional, o “Jornal d´manha”.
É um infortúnio do qual não nos esqueceremos. Como acontece em grandes homens, escolheu o tempo e datas de grandes efemérides do nosso edifício emancipatório e democrático nacional para se despedir de nós.
É infelizmente esse acontecimento, que perturbou a nossa sociedade, que nos colheu de surpresa, ainda com o convite na mão, para assinalarmos a passagem dos 40 anos da Rádio Moçambique, e não para apresentarmos as nossas condolências.
Minhas Senhoras e Meus senhores!
Se há factos ou fenómenos que tendo a idade da nossa Independência Nacional se confundem com essa nossa emancipação politica, a Rádio Moçambique é um dos destaques.
A Rádio Moçambique, criada a 2 de Outubro de 1975, em substituição do Rádio Clube, con-co-mi-tan-te-men-te à proclamação da nossa Independência, significou, desde logo a afirmação da soberania de um povo.
O povo transformou-a de serviço virado para a sua dominação em principal arma de libertação e um dos instrumentos mais fortes com que a nossa Independência Nacional contou desde o princípio.
Passam hoje 40 anos que esta estação emissora é tida pelos moçambicanos, como o sua mais fiel e credível companheira em matéria de informação.
Não são poucas as vezes que o nosso povo, mergulhado em diferentes fases em variadas formas de informação e desinformação, diz:
“Espera ouvir na Rádio Moçambique” e só depois disso confirma ou oferece reservas face a determinado acontecimento noticioso, se tal ainda não for noticiado pela Rádio Moçambique.
Há 40 anos que a Rádio Moçambique une materialmente o nosso povo e foi a RM a mostrar-nos que a sua sigla também quer dizer do Rovuma ao Maputo.
Nunca teve dúvidas da unicidade do Estado moçambicano, nunca se distraiu quanto às fronteiras do nosso país.
Há 40 anos que a Rádio Moçambique acorda os camponeses para irem à sua lavra diária.
Acompanha os operários ao seu labor quotidiano e viaja com os moçambicanos aonde quer que eles vão.
A Rádio Moçambique procura e, sempre encontra, outros compatriotas aparentemente escondidos em zonas inatingíveis. Busca os concidadãos na diáspora para lhes dar as notícias da mãe-pátria.
Há 40 anos que a Rádio Moçambique, pa-ra-fra-se-a-ndo o saudoso Emílio Manhique, dizia ele: que sempre chegou aonde os outros meios de comunicação não chegam, incluindo lá onde não chegam aviões, navios, etc.
Na verdade, a Rádio Moçambique atravessa rios e mares, galga montanhas da nossa geografia e, vai com o nosso povo mesmo nas profundezas das lindas florestas e parques.
Não poucas vezes, sem passaporte atravessa fronteiras nacionais, sem precisar de visto nem outro tipo de autorização.
Estamos a celebrar 40 anos de firmeza e grande responsabilidade que nunca esteve emprestada a qualquer outro meio, ou órgão de comunicação social.
Caros profissionais;
Estimada direcção da RM!
Num país onde o analfabetismo rondava os vergonhosos cerca de 90%, coube a Rádio Moçambique informar a todo o nosso povo, através das várias línguas que Moçambique fala e, assim tomar a dianteira do papel de toda a nossa comunicação social.
A Rádio Moçambique fez mais que informar, formou os moçambicanos directamente em campanhas de alfabetização e educação de adultos.
A Rádio Moçambique ajuda a diminuir drasticamente a quantidade de pessoas que não sabem ler nem escrever.
Esta estação emissora ensinou-nos que para aprender não há idade.
Hoje, a RM para além de continuar o seu papel unificador do povo moçambicano, apresenta-se como palco privilegiado da luta política e democrática.
É na RM, principalmente, e devido à sua abrangência espacial, onde a nossa jovem democracia se aduba hora-a-hora, dando oportunidade a todas as correntes de opinião, como lhe é de dever.
Na Rádio Moçambique todas as opiniões são tidas em conta e comportando-se assim torna-se num dos pilares indispensáveis da nossa sociedade, substantivada no pluralismo de ideias, livre expressão e olhar critico à nossa própria filosofia de vida.
Se em algumas hostes, mesmo político-partidárias, ainda persistem dúvidas do que seja realmente democracia, na Rádio Moçambique tais lacunas não existem.
É aqui onde todos vão apresentar as suas ideias, lamúrias, celebração dos seus feitos ou pedido de socorro em face de momentos menos bons da sociedade.
Para nós, a Rádio Moçambique, a despeito de dificuldades próprias de um projecto sempre em construção, que queremos ainda mais robusto.
Não obstante as diferentes direcções que por aqui passaram, ficamos gratos pela clareza dos objectivos que persegue.
Na verdade, são os que o nosso povo deu como responsabilidade desse serviço, que não tem que, em nenhum momento, descriminar a nossa sociedade, seja sob que pretexto for.
O serviço público de rádio tem que ser a garantia dos cidadãos do exercício do direito à informação e a liberdade de imprensa, da independência, bem assim da autonomia dos profissionais do sector;
O serviço público de rádio, a par de outros órgãos de informação, igualmente do sector público, é adicionalmente obrigado a portar-se pelo rigor e objectividade no exercício da actividade profissional na área da imprensa.
Deve estar na vanguarda na defesa e promoção da cultura e prioridades nacionais e na transparência das regras económicas que regem a actividade informativa.
Estamos a dizer, por outras palavras, que deve continuar a agir na defesa do interesse público e pelo respeito da ética social comum.
O serviço público de comunicação não se pode deixar distrair com a concorrência pouco patriótica, pois no fim do dia, temos que encontrar aonde o povo se refugia à procura da verdade.
Minhas Senhoras e meus Senhores!
Quero aproveitar esta oportunidade, especialmente para saudar a Rádio Moçambique pela promoção da cultura moçambicana, em particular a música nas suas emissões, cujo momento alto se realiza anualmente através da parada de sucessos Ngoma Moçambique. Este evento tornou-se nossa marca cultural.
No quadro da vossa visão, que preconiza maior aproximação ao cidadão, recomendamos que realizem cada vez mais programas interactivos, promovendo convívios culturais, espectáculos musicais e galvanizando as melhores práticas de vida saudável.
Encorajamos a RM a dar continuidade ao processo de expansão do sinal dos Emissores Provinciais pelos distritos, para que a nossa população possa escutar os programas radiofónicos nas línguas que melhor domina.
Portanto, encorajamos a promoção de línguas moçambicanas nas emissões como forma de as valorizar e as preservar o nosso património linguístico inalienável.
No âmbito da contenção e responsabilidades com o bem público, a RM deve aprimorar a sua gestão financeira através da redução de despesas e aumento de captação de receitas, bem como reforçar as parcerias público-privadas.
O processo de migração da Rádio e Televisão do sistema analógico para o sistema digital deve constituir uma prioridade, numa intervenção com os sectores envolvidos neste processo.
Como a voz do povo, a Rádio Moçambique deve continuar a garantir que a Paz e a tranquilidade que se vive no país sejam mantidas por todos os cidadãos.
Distintos convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores!
A construção de uma sociedade coesa, responsável e solidária jamais seria possível sem a intervenção de uma comunicação social credível e aglutinadora, como tem sido apanágio da Rádio Moçambique.
Nós, como Governo, prosseguiremos na promoção da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e do acesso à comunicação e informação de qualidade e com isenção para todos os cidadãos.
Como forma de colocar na pratica o que afirmamos durante a nossa tomada de posse sobre o Direito à Informação, o Conselho de Ministros amanha, irá apreciar o regulamento da lei do Direito à Informação.
Pretendemos que os cidadãos, pessoas colectivas, publicas ou privadas e órgãos de comunicação social interessadas, gozem o direito de solicitar, procurar, consultar, receber e divulgar a informação de interesse publico que está em poder das entidades publicas e privadas.
A terminar, gostaria de endereçar felicitações à família Rádio Moçambique, o Conselho de Administração, a Direcção da Rádio, os funcionários e todos os colaboradores.
As nossas felicitações se estendem às vossas famílias que sempre vos apoiaram nesta nobre mas intensa actividade de comunicar.
Os parabéns pelos 40 anos! Formulamos votos de bom trabalho e que façamos sempre da RM uma rádio cada vez melhor, competitiva e responsável.
Pela vossa atenção, muito Obrigado!